Marcelo do Ó, Jornalista e narrador das Rádios globo e CBN, Rede TV, Dazn Brasil nos concedeu uma entrevista exclusiva, falando um pouco da sua trajetória profissional no jornalismo esportivo. Confira a entrevista na íntegra aqui em baixo:
Queria primeiramente saber, quando começou sua relação com os esportes em geral? Foi na infância? Ou foi na época da adolescência?
Marcelo: Foi na infância, sempre joguei futebol na rua com meus amigos, a partir dos 10 anos, bem como jogo de botão. No colégio, era goleiro, dos bons, jogava pelo time da rua e, no Colégio Rio Branco, joguei torneios intercalasse. Cheguei a fazer voleibol também, mas gostava mesmo de futebol e de rádio.
Você tem um bordão muito famoso chamado: " Caçapa ". De onde veio esse bordão? Em qual situação? Foi algo que você pensou?
Marcelo: Foi uma invenção do meu pai, sr. Gerson, que joga sinuca regularmente há muitos anos. Eu queria criar algo que marcasse o meu gol e não sabia direito o que. Ouvindo um dia o Domingo Esportivo Bandeirantes, o Milton Neves colocou um gol do Mário Henrique (da Itatiaia), que tinha o “Caixa!”. Achei o máximo e comentei com meu pai, e ele falou, porque você não fala “Caçapa”? E comecei a usar e deu certo.
Antes de falar sobre sua carreira de narrador/apresentador na tv e no rádio, fala pra gente, se você trabalhava em outra profissão antes de ser Jornalista?
Marcelo: Meu primeiro emprego foi como operador de telemarketing, enviando mensagens para pagares (o antigo bip). Fiquei dois anos e, já na faculdade, entrei para a Editora Segmento, como arquivista de fotografia e depois editor. Fiquei quase 10 anos lá. Ainda atuei como gestor de conteúdo do portal Arte na Escola e fui assessor de imprensa da Associação Brasileira do Alumínio - ABAL antes de virar locutor.
Eu li em um site, que você é jornalista desde 2000 (corrija se tiver errado) e você começou sua carreira de narrador no rádio em 2004. Conta para gente, como foi esse começo?
Marcelo: Eu me formei pela FIAM em 2001, mas trabalho em comunicação desde 1999, faço portanto, 20 anos de profissão esse ano. Mas eu queria ser narrador desde criança e o meu grande sonho era trabalhar na Rádio Globo com o Oscar Ulisses, que é minha referência e ídolo. Eu comecei a narrar em 2004 na rádio ABC, de Santo André, e nesse mesmo ano, eu fiz um curso com Flávio Prado (TV Gazeta/Jovem Pan) e lá ele me colocou para narrar para a Piracema FM, de Pirassununga, junto com seu filho Bruno. E nunca mais parei.
2005 você chegou na Rádio 105 FM, de São Paulo, gostaria de saber se lá (Na 105 FM) foi o grande divisor de águas na sua carreira? Porque você começou a narrar Brasileirão, Libertadores, Copa do Mundo…
Marcelo: Sim lá foi meu primeiro espaço em SP e lideramos a audiência do rádio paulista por anos. Lá eu encontrei um time de amigos, garotos sonhadores e pouco conhecidos que fizeram história num jeito que era novo de transmitir futebol. Pude errar e aprender muito lá, fui muito feliz com eles e torço muito por todos que estão lá.
Conta pra gente, como foi para você trabalhar na sua primeira copa do Mundo de futebol…
Marcelo: Minha primeira Copa do Mundo foi no Terra, onde eu aprendi a ser jornalista esportivo. Era chefiado por Bernardo Ramos (Rádio Bandeirantes) e trabalhei com gente do calibre de José Maria de Aquino, um dos maiores jornalistas desse país. Foi em 2006, fui chamado para narrar os compactos dos 64 jogos do mundial e apresentar os programas com Fernando Gavini (OTD e TV Gazeta), Wanderley Nogueira e Sérgio Loredo, referências para mim. Fizemos tudo daqui, mas foi uma grande experiencia, que pavimentou a minha chegada depois para a narração das ligas europeias e a contratação definitiva em 2007. Depois, em 2010, fui pela primeira vez ao local da Copa, na África do Sul, outra experiência sensacional e minha primeira viagem internacional.
Para mim, Copa do mundo de Futebol e Olimpíadas são os maiores eventos esportivos do planeta e você narrou já esses eventos, você teve a honra de narrar a primeira medalha de ouro olímpica da seleção brasileira de Vôlei, em Pequim. Fala pra gente a emoção de narrar uma Olimpíada e ainda por cima, narrar um ouro inédito para o vôlei feminino do Brasil…
Marcelo: Foi incrível e, ao mesmo tempo, perigoso, porque era muito inexperiente. Não conhecia direito os esportes olímpicos e não tinha vivência, então apanhei muito no começo. Contei com a ajuda de caras como Cláudio Mortari e Maurício Lima, que me ensinaram as regras do basquete e do vôlei, da minha esposa e cunhado - que jogaram voleibol e me mostraram os caminhos. Carlos Ventura, no atletismo, enfim, muitos grandes nomes. Everaldo Marques foi muito importante para mim também porque eu tinha antes da final olímpica do vôlei, a missão de narrar um jogo de softball, que é beisebol com algumas alterações. Everaldo me ensinou as regras básicas do esporte fiz uma narração sozinho de 3 horas. Essa transmissão me garantiu na final do vôlei então foi gratificante. Naquela Olimpíada eu ancorei a cerimônia de abertura e acabei chorando no estúdio sozinho ao final, porque nunca imaginei a frente de algo tão grandioso. O mesmo aconteceu após a medalha das meninas. Um dos momentos mais sensacionais da minha carreira.
Você narrou algumas modalidades esportivas em streaming, pela Terra esportes, lá atrás em 2006. Gostaria de saber como foi essa experiência naquela época, quando a internet não tinha essa proporção como tem hoje?
Marcelo: O Terra foi minha escola de jornalismo e me preparou para o que eu sou hoje. O que a gente fez foi revolucionário na década passada e, se fosse hoje, estaríamos todos ricos (rs). Foi uma inovação transmitir uma Olimpíada em multi-telas, num ambiente totalmente digital que era novo para época. Eu narrei o primeiro jogo de futebol em streaming da história do Brasil (Werner Bremen x Borussia Dortmund, em 2006). Foram muitos torneios e esportes que fiz por lá, Jogos Pan-Americanos, Olimpíada de Inverno, foi uma universidade. Como sempre fui um bom aluno, fui aprendendo e fazendo.
Em 2015 você chegou na Rádio Globo, umas das maiores rádios do Brasil (Se não for a maior). Conta pra gente como você recebeu esse convite para entrar para a Rádio Globo? Você estava realizando um sonho? Uma meta?
Marcelo: Eu havia, como disse, estipulado um objetivo de vida para mim aos 11 anos: ser narrador da Rádio Globo. Eu cresci numa família muito simples na periferia de São Paulo e, claro, todos achavam impossível pela nossa realidade, menos eu. Em três oportunidades, eu levei material lá e acabei não entrando, até que, no final de 2014, Oscar Ulisses me procurou para ocupar a vaga de Silva Júnior, que foi para o Fox Sports. Houve alguns contratempos, mas em fevereiro de 2015, a direção da Rádio me convidou para um almoço e perguntaram por que eu queria trabalhar na Rádio Globo e eu contei a história toda, desde o gol do Neto contra o Bahia, com a narração do Oscar, que eu ouvi e decidi que um dia seria seu colega, ainda criança. Foi um momento muito bonito da minha vida, a minha maior realização.
Falando um pouco sobre seu começo na TV, seu começo foi no Band Sports e depois passou pela Sports +. Como foi o desafio de começar a narrar/ apresentar na TV?
Marcelo: Então, em 2011 eu tomei coragem para tentar um espaço na TV, que nunca foi meu objetivo, mas como eu já fazia vídeo no Terra eu achei que poderia ser um bom espaço. Depois dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, eu pedi ao Luciano Borges, que trabalhava lá na época, que visse um material meu e, se merecesse, me indicasse lá no Bandsports. Fiz vários esportes por lá, Futebol 7, judô, liga ABC de basquete, automobilismo etc. Foi uma outra grande escola e tenho amigos lá até hoje. O Sports+ foi um canal que a Sky criou em 2013, mas antes eu já havia feito alguns jogos da NBA em transmissões eventuais do canal, convidado pelo Caio Milan, que era meu ouvinte na 105FM. No final de 2012 ele me convidou para fazer parte da equipe fixa do canal e aí eu deixei o Terra para assumir a carreira de narrador por completo por lá. O Sports+ foi um canal fantástico, com uma equipe sensacional, com Maurício Bonato, Clio Levi, Rafael Spinelli, Ricardo Bulgarelli. Fizemos os maiores torneios do mundo durante 3 anos e infelizmente, por uma série de motivos, acabou encerrando as atividades. Uma pena, mas serviu de preparação para viver a narração em televisão e para a RedeTV depois.
Depois você foi contrato pela REDE TV, uma televisão com o sinal aberto, logicamente um público maior para você mostrar seu trabalho. Pelo canal, você narrou Super Liga de vôlei, Brasileirão série B, recentemente Premie League, Campeonato Italiano... Fala pra gente, como foi o começo na REDE TV? Como está sendo a experiência de ser narrador/apresentador na TV Aberta.
Marcelo: Eu comecei na RedeTV levado pelo Bruno Prado e Alex Alves Fogaça, em 2013, para cobrir férias do Sílvio Luiz no Campeonato Paulista Sub-20. Eles gostaram do trabalho e, quando eles compraram o primeiro jogo da história da NBA no Brasil, me chamaram para fazer porque narrava a NBA no Sports+. No final daquele ano, pintou a possiblidade de contratação definitiva para um evento de MMA, indicado pelo Fernando Navarro. Américo Martins e o Amílcare Neto me contrataram em 2014. Com a chegada do Franz Vacek como superintendente de Jornalismo e Esportes, a TV cresceu muito no segmento e eu fui ficando justamente por ter a experiência de narrar várias modalidades. Franz é um grande responsável pelo meu crescimento na televisão e um cara pelo qual tenho muito apreço. Narrar na TV aberta é um desafio porque o Brasil inteiro te enxerga e julga ao mesmo tempo. Com a Premier League foi o máximo da responsabilidade porque foi esse campeonato que me colocou no mapa dos grandes narradores da televisão. Mudou minha carreira e tenho certeza que ainda outras grandes coisas acontecerão por lá. É uma casa muito querida por mim e com um time que gosta também de mim. Existe uma reciprocidade muito bacana lá de um time muito trabalhador e amigo.
A Dazn Brasil, chamou você para integrar o time de narradores do canal Streaming, o vocabulário que você usa nas transmissões pelo Dazn, por ser uma transmissão via internet, é diferente do que você usa na TV ou Rádio?
Marcelo: Eu hoje misturo um pouco de tudo, dentro do bom senso que cada veículo pede, não fiz muitos jogos lá por causa da agenda com a rádio e a TV, mas eu procuro aplicar o que eu fazia no Terra lá, com muita interatividade, muita informação e uma transmissão vibrante e alegre, fazendo com que o usuário navegue bastante pela ferramenta deles. O DAZN traz a inovação no seu DNA e é muito importante para qualquer narrador estar perto deles nesse momento de implantação. É um orgulho fazer parte disso.
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