Rogério Corrêa fala sobre sua carreira: "Cumpri vários dos meus objetivos principais e sigo batalhando pelos outros"


Narrador do Grupo Globo desde 2003, Rogério Corrêa conta um pouco da sua carreira em uma entrevista muito legal para o Blog. Confira um pouco da história do narrador na entrevista a seguir:




Você sempre quis ser Jornalista? Sempre quis trabalhar no esporte? Ou tinha outra "primeira opção" para profissão?

Acho que dá para dizer que sim. Quando jovem, gostava muito de desenhar. Cogitei fazer algo ligado à arte ou à arquitetura. Mas sempre fui fascinado por comunicação de massa: rádio, TV, jornal, mercado editorial... Sou apaixonado pelo jornalismo, uma nobre profissão.

Muitas pessoas dizem que o Rádio é uma grande escola para jornalistas, comunicadores... Conta um pouco do começo da sua carreira na Rádio Solar? No mesmo ano você entrou para Rede Globo?

Trabalhei dois anos na Rádio Solar de Juiz de Fora. Na época, ainda se chamava Rádio Sociedade de Juiz de Fora. É uma das rádios mais antigas do país. Foi uma ótima escola. Ainda era estudante universitário e conciliava a faculdade com o trabalho. Comecei como auxiliar do plantão esportivo. Virei plantão, aquele profissional que,durante a transmissão, informa os resultados dos outros jogos da rodada.  Depois, fui promovido a repórter. Viajávamos muito para Belo Horizonte, São Paulo e, principalmente, Rio de Janeiro, pois o juizforano curte futebol carioca. Depois, me chamaram para fazer um teste para repórter na TV Globo de Juiz de Fora. Passei e estou na TV desde então.

Você teve uma passagem pelo SBT, me corrija se eu estiver errado. Na tv Alterosa, conta um pouco da experiência por ter passado por lá?

Foi ótimo. Criamos um programa chamado Alterosa Esporte, no SBT de BH. Chefiava e apresentava o programa. E comecei a narrar jogos da Copa do Brasil, muito esporadicamente. No SBT, colaborei nas coberturas da Olimpíada de 96 e da Copa de 98, colaborando com a equipe que ficou produzindo programas e transmissões em SP. Ali, fortaleci o desejo de focar na narração.

Rogério, você foi trabalhar nos Estados Unidos, trabalhou com Narrador na PSN. Conta pra gente como foi a experiência de trabalhar em um país de culturas diferentes? 

Uma excelente experiência - pessoal, cultural e profissionalmente. Narrei centenas de jogos por ano, durante duas temporadas. Aprendi muito. A empresa transmitia jogos para a América Latina, em espanhol e em português. A equipe brasileira era pequena. Cheguei a narrar dois e até três jogos por dia. Uma loucura. Mas curtia. Gosto de trabalhar. E foi ótimo trabalhar numa empresa com gente de várias e várias nacionalidades.

Após alguns anos, você voltou para o Brasil, para a TV bandeirantes de Minas Gerais, você já narrava jogos lá? Ou só apresentava programas?

Fui chefe e apresentador do Minas Esporte, um programa de muita tradição. Não narrava na Bandeirantes. Foi uma passagem curta, pois logo depois a Globo me contratou.

Em 2003, você se tornou o narrador principal da Globo Minas, você imaginaria, naquele momento, chegar aonde você chegou? Quando se tornou o narrador principal da Globo Minas? Conta como foi isso.

Não imaginava. Me convidaram na quinta e no domingo já estava narrando um jogo do Campeonato Mineiro. Tem sido um enorme prazer narrar na Globo, no Sportv, no Premiére, no globoesporte.com. Cumpri vários dos meus objetivos principais e sigo batalhando pelos outros. Também me tornei colega de trabalho de muita gente que admiro na profissão. Sou muito feliz profissionalmente e grato pelo retorno diário que recebo do público. É uma motivação para seguir evoluindo, aprendendo.

Trabalhar na TV, sempre foi seu objetivo? Ou foi se tornando natural?

Meu primeiro objetivo era trabalhar no Rádio. Meu projeto de conclusão de curso na Universidade Federal de Juiz de Fora foi sobre as diferenças do Rádio de SP e do RJ. A TV veio depois, naturalmente. É um meio bem mais complexo. E apaixonante.

Vejo no seu Instagram, que você desenha algumas coisas, caricaturas, se é que pode se dizer assim... Como você descobriu esse talento? Alguém lhe ensinou a desenhar?

Rsss. Não são caricaturas. São pinturas. 
Desenho desde criança. A diferença é que agora estou postando. Passei a fazer aula de pintura, uma vez por semana. É um hobby, que curto nas horas vagas. Meu professor se chama Pascal Caquineou, um francês. Ele, sim, é um grande artista. Eu sou aluno ainda.

Acabei de citar o Instagram, você entrou para Rede social há pouco tempo. Como é sua relação com o seu público na rede social? Tem muitos haters? Ou a galera é mais "de boa" ?

A galera é super de boa. O retorno tem sido excelente. Sou muito grato pelo carinho que recebo. Claro que tem um ou outro que chega com uma vibe ruim. Mas faz parte. Respeito. Nosso trabalho é difícil de fazer. Até por isso, não vamos acertar sempre. Mas, geralmente, o pessoal é super do bem. Muita gente jovem e também telespectadores que nos acompanham há muitos anos. A rede social é também um canal para agradecer à essa gente toda.

Você estreou em Olimpíadas em 2004 pela Tv Globo (se tiver feito Olimpíadas anteriores em outra emissora, cite), Fala pra nós, como é para um jornalista cobrir uma Olimpíada?

Para quem gosta de esporte, é algo maravilhoso. Cada modalidade é um mundo, com seus próprios heróis, regras, histórias... Na Globo, fui narrador nas Olimpíadas de de 2004, 2008 e 2016. Muitas medalhas e emoções.

Acredito que a Olimpíada mais marcante da sua carreira foi a de 2016, No Rio de Janeiro. Conta pra gente como foi aquela Olimpíada para você, pessoalmente falando?

Para mim, pessoalmente, a melhor de todas. Um dos meus objetivos era narrar uma Olimpíada in loco. E foi maravilhoso fazer isso no Brasil, num momento histórico para o nosso esporte e a nossa TV... Aproveitei ao máximo o momento. Os Jogos Pan-Americanas, em 2007, também foram um evento muito prazeroso de fazer na Globo.

Por ser no Brasil, a Olimpíada, era uma responsabilidade maior para os jornalistas?

Acho que sim. Afinal, foi uma cobertura muito intensa. E a Olimpíada pode gerar uma cultura esportiva - algo, para mim, importante para um país. O esporte ensina a ganhar e a perder. Mostra a importância de ter garra, persistência, trabalho em equipe... Precisamos disso.

O ouro de Thiago Braz, no atletismo. Foi a narração mais marcante da sua carreira?

Uma das mais importantes. Foi inédito, inesperado, emocionante para todos nós na Globo. Um privilégio. Também fiquei muito feliz em narrar na emissora a primeira medalha do brasileiríssimo Isaquias na canoagem. Também narrei a Batalha dos Aflitos e vários jogos que são marcantes para o torcedor de Minas Gerais - decisões de Brasileiro, Copas do Brasil, Superligas... Também curtia muito fazer os eventos do Esporte Espetacular. Enfim, gosto de tudo. Sempre é bom. Tive sorte de narrar grandes eventos, estar no lugar certo....


Conta pra gente, qual foi sua primeira Copa do Mundo de Futebol que você trabalhou?

Narrei jogos na Globo na Copa de 2006. É uma imensa responsabilidade. Ser chamado para um grande evento na Globo é como ser convocado para a Seleção Brasileira. Depois, também na Globo, narrei jogos nas Copas de 2010, 2014 e 2018. A de 2014 foi especial por ter sido aqui.

A copa no Brasil, ficou marcado pelo 7x1. Mas para você, fora o 7x1, qual foi o momento mais marcante daquela Copa do Mundo?

O mais impactante para mim foi a invasão dos nossos vizinhos latinos. A cada cidade que ia, para trabalhar, via uma multidão estrangeira: argentinos, chilenos, mexicanos... Foi maravilhoso ver essa integração. Muita gente no nosso continente nunca tinha tido a oportunidade de ver uma Copa de perto.

Ainda falando sobre a Copa do Mundo no Brasil, você narrou aquele jogo histórico entre Chile x Espanha, no Maracanã. Você contou a história da atual campeã do Mundo, naquela ocasião, sendo eliminada ainda na primeira fase. Fala pra gente como foi pra você contar a história daquele jogo?

Foi surpreendente, né. A Espanha chegou como uma das favoritas e saiu precocemente. O Chile havia se tornado uma nova força do futebol sul-americano e a Espanha sucumbiu.


Pra finalizar Rogério, o que é melhor? Trabalhar em uma Olimpíada? Ou em uma Copa do Mundo de futebol?

Não faço distinção. Também já fiz essa pergunta para outros colegas. Mas é igualmente bom. A Olimpíada é mais curta, intensa. Já começa no ápice, com uma grande festa de abertura. A Copa celebra o esporte mais popular do mundo e o ponto alto é o desfecho, a final. São diferentes. E são fantásticas. Como admirador do esporte, fico ansioso para chegar a próxima. Trabalhamos muito para inovar e apresentar um evento legal para o torcedor brasileiro.





Comentários

  1. Excelente entrevista. São coisas assim que nos fazem notar com mais carinho o lado humano de uma pessoa que está constantemente na mídia.

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